texto de Vitória Régia
vídeo - FILMA NOIS e o rock gaúcho
Com a curadoria do professor Guilherme Maia (do Curso de
Cinema da UFBA), ocorreu no auditório da Facom/UFBA, na manhã do dia 16 de outubro de 2014, a palestra “Mídia,
Memória e Música” apresentada por dois convidados pesquisadores, sendo Fabrício
Silveira o representante da UNISINOS, do Rio Grande do Sul, e Heron Vargas da
Universidade Municipal de São Caetano, de São Paulo.
foto - Vitória Régia |
A proposta do estudo que Fabrício Silveira desenvolveu foi a
partir da arqueologia do rock gaúcho: ela existe? Existe um rock gaúcho? Imbuído destes questionamentos ele verifica que o termo “rock gaúcho” é
autoevidente e autoexplicativo, porém não é um termo “nativo”, nem um gênero
musical. Mas então como se instituem estes rótulos? Uma das primeiras observações
que ele notou é que esta classificação é uma espécie de “facilitador semântico”
afirmada através de um estereótipo cultural.
foto - Vitória Régia |
A partir da década de 80, a indústria cultural, através da mídia, passa a
nominar e disseminar a prática do rock pelas bandas locais, ou seja, mais
especificamente as bandas da cidade de Santa Maria (RS), forte reduto de
estudantes universitários. Fabrício é de Santa Maria mas, para entender melhor
este cenário de rock, compara a produção de Porto Alegre com a de sua cidade. Em
Santa Maria encontra-se o rock pesado, heavy metal proveniente do hard rock,
produzido inicialmente por estudantes secundaristas, fora dos muros da
universidade. Na capital gaúcha predomina a “beatlemania” com uma pitada de
humor, que vai destacá-lo em comparação às demais produções nacionais. O
roqueiros de Santa Maria, com pouca estrutura, reuniam-se numa antiga loja de
discos. Ali ouviam e comentavam sobre músicas, principalmente o rock. No decorrer do tempo passaram a
produzir e também a fazer suas próprias guitarras. Surgem as bandas Spartacus,
grupo Tara na Tiriça, Nuctemeron e Thanos. Infelizmente nota-se ausência de
material fílmico registrando as bandas e seus shows nos anos 80; por sorte o
material iconográfico é mais rico.
foto - Vitória Régia |
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O pesquisador da Universidade Municipal de São Caetano, em
São Paulo, Heron Vargas, escolheu como tema de sua pesquisa o estudo das Capas
de Disco de alguns artistas da MPB, Música Popular Brasileira, experimental dos
anos 70. Para tanto, recorreu à memória da gravadora Continental, detentora dos
contratos dos artistas selecionados: Tom Zé, Walter Franco, Novos Baianos e
Secos & Molhados. A escolha destes nomes se dá pelo critério de canção
entendida como híbrido de letra, canto musical e performance.
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Observa ele que, hoje, o consumidor de música não tem
mais a referência do objeto “capa” (de disco) como outrora, que permitia a
experiência táctil, o ouvinte permanecia com ela nas mãos, lia as letras das
músicas, reparava bem nos retratos, na arte final, enfim em vários aspectos
estéticos. Este elemento “capa” envolvia a atividade de vários outros artistas
como designers, fotógrafos, desenhistas, artistas plásticos.
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Ainda no período abordado pelo pesquisador, o país
atravessava o momento da ditadura, artistas sofreram censura e a concorrência
multinacionais no mercado fonológico como Philips e Polygram era grande. Havia
poucas empresas estritamente brasileiras e a Continental era uma delas, porém
mais voltada para o samba e músicas regionais, pois seu objetivo era procurar
novidades para tumultuar o mercado.
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Ao fim da palestra ele apresenta uma variedade de capas de discos
dos cantores citados, avalia cada detalhe de intervenção artística, explica o
porquê delas terem feito sucesso, a participação de artistas plásticos como Helio
Oiticica em algumas. Explica também que, através destas capas podemos reconstruir
a memória, provocar uma ficção retroprojetiva e até viver uma experiência
autobiográfica (caso dele).
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