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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

sobre a palestra MÍDIA, MEMÓRIA E MÚSICA

texto de Vitória Régia
                                          vídeo - FILMA NOIS e o rock gaúcho

Com a curadoria do professor Guilherme Maia (do Curso de Cinema da UFBA), ocorreu no auditório da Facom/UFBA,  na manhã do dia 16 de outubro de 2014, a palestra “Mídia, Memória e Música” apresentada por dois convidados pesquisadores, sendo Fabrício Silveira o representante da UNISINOS, do Rio Grande do Sul, e Heron Vargas da Universidade Municipal de São Caetano, de São Paulo.
foto - Vitória Régia
A proposta do estudo que Fabrício Silveira desenvolveu foi a partir da arqueologia do rock gaúcho: ela existe? Existe um rock gaúcho? Imbuído destes questionamentos ele verifica que o termo “rock gaúcho” é autoevidente e autoexplicativo, porém não é um termo “nativo”, nem um gênero musical. Mas então como se instituem estes rótulos? Uma das primeiras observações que ele notou é que esta classificação é uma espécie de “facilitador semântico” afirmada através de um estereótipo cultural.
foto - Vitória Régia
A partir da década de 80, a indústria cultural, através da mídia, passa a nominar e disseminar a prática do rock pelas bandas locais, ou seja, mais especificamente as bandas da cidade de Santa Maria (RS), forte reduto de estudantes universitários. Fabrício é de Santa Maria mas, para entender melhor este cenário de rock, compara a produção de Porto Alegre com a de sua cidade. Em Santa Maria encontra-se o rock pesado, heavy metal proveniente do hard rock, produzido inicialmente por estudantes secundaristas, fora dos muros da universidade. Na capital gaúcha predomina a “beatlemania” com uma pitada de humor, que vai destacá-lo em comparação às demais produções nacionais. O roqueiros de Santa Maria, com pouca estrutura, reuniam-se numa antiga loja de discos. Ali ouviam e comentavam sobre músicas, principalmente o rock. No decorrer do tempo passaram a produzir e também a fazer suas próprias guitarras. Surgem as bandas Spartacus, grupo Tara na Tiriça, Nuctemeron e Thanos. Infelizmente nota-se ausência de material fílmico registrando as bandas e seus shows nos anos 80; por sorte o material iconográfico é mais rico.
foto - Vitória Régia
foto - Vitória Régia








foto - Vitória Régia




















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O pesquisador da Universidade Municipal de São Caetano, em São Paulo, Heron Vargas, escolheu como tema de sua pesquisa o estudo das Capas de Disco de alguns artistas da MPB, Música Popular Brasileira, experimental dos anos 70. Para tanto, recorreu à memória da gravadora Continental, detentora dos contratos dos artistas selecionados: Tom Zé, Walter Franco, Novos Baianos e Secos & Molhados. A escolha destes nomes se dá pelo critério de canção entendida como híbrido de letra, canto musical e performance.
foto - Vitória Régia
Observa ele que, hoje, o consumidor de música não tem mais a referência do objeto “capa” (de disco) como outrora, que permitia a experiência táctil, o ouvinte permanecia com ela nas mãos, lia as letras das músicas, reparava bem nos retratos, na arte final, enfim em vários aspectos estéticos. Este elemento “capa” envolvia a atividade de vários outros artistas como designers, fotógrafos, desenhistas, artistas plásticos.
foto - Vitória Régia
Ainda no período abordado pelo pesquisador, o país atravessava o momento da ditadura, artistas sofreram censura e a concorrência multinacionais no mercado fonológico como Philips e Polygram era grande. Havia poucas empresas estritamente brasileiras e a Continental era uma delas, porém mais voltada para o samba e músicas regionais, pois seu objetivo era procurar novidades para tumultuar o mercado.
foto - Vitória Régia
Ao fim da palestra ele apresenta uma variedade de capas de discos dos cantores citados, avalia cada detalhe de intervenção artística, explica o porquê delas terem feito sucesso, a participação de artistas plásticos como Helio Oiticica em algumas. Explica também que, através destas capas podemos reconstruir a memória, provocar uma ficção retroprojetiva e até viver uma experiência autobiográfica (caso dele).

foto - Vitória Régia
foto - Vitória Régia

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