texto de Vitória
Régia
“Os tribalistas já não querem ter razão
Não querem ter certeza
Não querem ter juízo nem religião
Não querem ter certeza
Não querem ter juízo nem religião
O tribalismo é um anti-movimento
Que vai se desintegrar no próximo momento
Que vai se desintegrar no próximo momento
O tribalismo pode ser e deve ser o que você quiser
Não tem que fazer nada basta ser o que se é”
O “tribalismo”
brasileiro, anunciado pelos artistas Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos
Brown, no princípio do século XXI, expressou bem o pensamento do sociólogo francês
Michel Maffesoli, a partir do texto do professor André Lemos "Ciber-Socialidade", sobre novos comportamentos da sociedade diante do surgimento
acelerado das novas tecnologias e as alterações que elas vinham provocando na
sociedade “basta ser o que se é”. A crise do individualismo clássico da era
moderna, desemboca numa maior “atração social”, num “desejo de estar junto”, uma propensão à “tragédia do
presente – presenteísmo”, uma necessidade de vivenciar “experiências
coletivas”; a estas características manifestas de comportamento urbano
contemporâneo, Maffesoli denomina “socialidade”. O sujeito quer agora,
diferentemente do período da contracultura, nos anos 70, em que se boicotava o
advento das tecnologias, se associar a elas, promovendo assim uma agregação
social eletrônica numa reversão do processo de isolamento individualista. Este
indivíduo que desempenhava uma “função” vinculada à família, classe, igreja,
regime militar, agora se torna “persona”, ganha um “papel” mais efêmero,
hedonista e cínico, e que só existe em relação ao outro. Por isso ele precisa
de uma “tribo” para “se construir com o outro, pelo outro e no outro”, num
compartilhamento de emoções em comum denominado de “cultura do sentimento”,
quem vem a ser uma convivência não mais racional ou contratual. Ele não se
inscreve numa “finalidade”; sua preocupação é o “presente vivido
coletivamente”. Assim, ele faz uso de multi personalidades num ambiente
comunitário que dão formas à “ética da estética”.
TRIBOS AUDIOVISUAIS
Captando este sentimento das vivências coletivas, diversos
times ou torcidas do futebol brasileiro passaram a produzir filmes que ora
contam a história ou epopéia do seu time (Corinthias) ora narram os percalços e
desafios porque passam seus torcedores (Bahêa minha vida), feitos inclusive,
por torcedores.
FILMA NOIS
No nosso caso, estudantes de Comunicação da UFBA, em grupo,
fizemos nosso filme, com o título FILMA NOIS, em alusão aos torcedores de futebol
que levam placas com a inscrição “filma nóis, Galvão”, referindo-se ao locutor
esportivo Galvão Bueno da TV Globo. Antes, diante das dificuldades de acesso
aos equipamentos tecnológicos para produzirmos um vídeo, tínhamos que apelar
para que nos filmassem. Hoje, de posse deles, podemos atender às nossas
necessidades de realização coletiva, não é preciso esperar, nos tornamos
espectadoras realizadoras.
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